Tarifaço de Trump: aula relâmpago de como o Império bate, a Faria Lima lucra e você segue apertando o cinto

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Vocês ainda acreditam que tarifa é só “batalha comercial”? Que fofo. Peguem a pipoca: o Presidente Trump já deixou de latir e passou a morder. Em junho, ele dobrou a tarifa sobre aço e alumínio de 25% para 50%. Não satisfeito, enviou uma carta a Lula: a partir de 1º de agosto, qualquer coisa com carimbo “Made in Brazil” pagará 50% na alfândega norte-americana. Super-tarifa, ameaça, retaliação – chame como quiser. O fato é que a faca já está cravada.

E o que aconteceu quando o cutelo desceu?

  • Aço ficou mais caro, Wall Street festejou. A turma da siderurgia viu ações saltarem: Cleveland-Cliffs +22%, Steel Dynamics +13%, Nucor +12% no dia seguinte ao anúncio. Para o operário americano, significa carro e geladeira mais caros, mas os acionistas agradeceram.
  • No Brasil, contêiner volta pra casa vazio. Exportadores de pescados perderam compradores e já têm 1 160 toneladas encalhadas antes mesmo da tarifa valer. A indústria do café, do suco de laranja e da carne faz fila no Itamaraty para descobrir quem engole o prejuízo.

Quem mais está na linha de tiro?

Trump distribuiu cartas como se fossem cupons de supermercado: 22 países já receberam pedágio de 20% a 50% – com o Brasil no pódio do castigo (50%). Filipinas (20%), África do Sul (30%), Japão (25%) e companhia também entram na dança. O recado é simples: “construam fábricas aqui ou paguem a conta”.

Insider trading: o baile dos informados

Antes que você diga “teoria da conspiração”, vejamos algumas coincidências:

  1. 2018 – O bilionário Carl Icahn vendeu US$ 31 milhões em ações de uma fabricante que usa aço… semanas antes de Trump anunciar tarifas sobre o metal. Lucrou escapando da queda.
  2. 2025 – Na rede Truth Social, Trump tuitou “É um ótimo momento para comprar!!! DJT” de manhã. Horas depois suspendeu temporariamente parte do tarifaço; o S&P 500 recuperou US$ 4 trilhões em valor de mercado. Democratas pediram investigação por manipulação.

Insider trading é exatamente isso: usar informação privilegiada para lucrar antes que o povão saiba. No cassino, quem recebe a carta marcada ganha; quem trabalha pra pagar a fatura, perde.

Quanto vale essa farra?

  • Icahn evitou perder US$ 31 milhões com sua venda relâmpago[8].
  • A postagem presidencial gerou bilhões em valorização instantânea para quem seguiu o “conselho”[9].

Lição: anúncio de tarifa é fogos de artifício; o dinheiro corre para onde o pavio foi aceso.

E o trabalhador brasileiro, onde entra?

A Confederação Nacional da Indústria estima queda de R$ 52 bilhões nas exportações, 110 mil empregos a menos e um buraco de R$ 33 bilhões nas importações. A Comissão de Relações Exteriores do Senado fala em golpe direto no agronegócio, na aviação e na química, com contratos de longo prazo em xeque. Para quem vive de salário mínimo, isso se traduz em plantão extra, reajuste zero e carne mais rara no prato.

Como os anúncios enriquecem os já ricos?

  1. Especulação na veia: cada ameaça ou recuo move preços de ações e futuros. Quem tem algoritmo ou “amigo do rei” embolsa; quem tem FGTS só vê a montanha-russa de longe.
  2. Desvio de comércio: siderúrgicas americanas passam a vender com prêmio gordo, enquanto competidores estrangeiros sangram. Margem para poucos, demissão para muitos.
  3. Narrativa patriótica: Trump posa de defensor do operário americano, mas até a própria Casa Branca admite que as tarifas podem inflar custos de carros, latas e casas. O lucro fica nas mesas do board, não no bolso de quem solda.

Moral da história?

O tarifaço é show pirotécnico para eleitor ver; a fumaça encobre um sistema que socializa o prejuízo e privatiza o ganho. Enquanto você discute se devemos boycotar Coca-Cola ou acelerar a Lei de Reciprocidade, a turma do andar de cima já clicou “comprar” antes mesmo do próximo tweet presidencial.

E agora, o que o Brasil pode fazer?

  • Diversificar mercados: China, Índia e União Europeia já namoram as commodities que Trump encareceu.
  • Pressão política: diplomacia não muda ideologia trumpista, mas atrasa o gatilho.

E você, caro leitor? Organizar-se! Cada real perdido em exportação vira desculpa para arrocho salarial aqui dentro. Porque, no fim, tarifa não é arma de guerra entre nações – é arma de classe. E se o circo vai pegar fogo, melhor entender onde estão as saídas de emergência antes que a lona caia sobre nós.

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