Super Quarta-feira: O Dia em que o Circo Econômico Pega Fogo

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Olá, meus queridos traidores! Chegou a Super Quarta-feira que vocês tanto esperavam – ou temiam. Enquanto escrevia este post, assistindo ao maior espetáculo da Terra (também conhecido como economia global), não pude deixar de pensar: será que vocês perceberam que somos todos palhaços neste circo?


Hoje, 30 de julho de 2025, presenciamos a maior concentração de decisões econômicas simultâneas em décadas. O Banco Central brasileiro e o Federal Reserve americano decidindo sobre juros no mesmo dia, enquanto um terremoto na Rússia balançava os mercados globais e Trump continuava sua guerra comercial contra o mundo. É como se todos os eventos econômicos do ano tivessem marcado encontro para hoje.

O Banco Central que Finge Defender Vocês

Vamos começar pelo nosso querido Copom, que deverá manter a Selic em 15% ao ano. Surpresa de ninguém, né? Depois de sete aumentos consecutivos, nossos defensores da moeda nacional resolveram dar uma pausa. Mas calma, não é porque eles se importam com vocês que pagam 15% de juros enquanto os bancos lucram bilhões.

A justificativa oficial? “Política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. Traduzindo do economês para o português claro: “Vocês vão continuar se ferrando por muito tempo ainda, mas é para o bem de vocês, juro!”

O mais engraçado é que enquanto mantêm os juros estratosféricos para “combater a inflação”, o IGP-M – aquele índice que reajusta seu aluguel – teve deflação de 0,77% em julho. Terceiro mês seguido de queda! Mas os juros continuam altos porque… bem, porque os bancos precisam manter seus lucros recordes, obviamente.

Trump e Sua Pressão Patética sobre Powell

Do outro lado do mapa, temos o show de horror americano. Trump, depois de ver o PIB crescer 3% no segundo trimestre (superando as expectativas de 2,4%), resolveu pressionar Jerome Powell para cortar os juros. Postou no Truth Social: “O ‘Muito Atrasado Jerome Powell’ DEVE AGORA REDUZIR OS JUROS”.

Vejam a ironia: a economia cresce mais que o esperado, mas o patrão quer juros mais baixos. É como se um médico receitasse mais morfina para um paciente que já está se recuperando bem. Mas claro, Trump não está preocupado com a saúde da economia, está preocupado com seus próprios negócios imobiliários que se beneficiam de juros baixos.

O FED, como esperado, deve manter a taxa entre 4,25% e 4,50%. Powell continua firme em sua postura de “esperar para ver”, ignorando completamente os berros do presidente. Uma das poucas vezes na história que torço para um banqueiro central manter a dignidade.

O Terremoto que Mostrou Como Tudo Está Interligado

E então, no meio dessa confusão toda, a natureza decidiu participar da festa. Um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a Rússia, gerando tsunamis que chegaram até o Japão e Havaí. Os mercados globais tremeram junto com a terra.

O ouro disparou, o petróleo subiu, e todo mundo correu para ativos de refúgio. É fascinante como um evento geológico do outro lado do mundo pode fazer vocês perderem dinheiro na bolsa brasileira no mesmo dia. Bem-vindos à globalização financeira, onde sua aposentadoria depende da estabilidade da crosta terrestre siberiana.

O Tarifaço que Ninguém Quer Admitir que Vai Doer

Mas a cereja do bolo foi o plano de contingência do governo brasileiro contra as tarifas de 50% que os americanos vão impor a partir de 1º de agosto. Fernando Haddad confirmou que existe um plano, mas obviamente não disse qual é.

Vou traduzir o que esse “plano de contingência” significa na prática:

  • Diversificação de parcerias comerciais (vamos tentar vender para quem ainda quiser comprar)
  • Reformulação de programas de exportação (vamos dar mais subsídios para empresários)
  • Linhas de crédito com juros mais baixos (vamos socializar os prejuízos da guerra comercial)

Em outras palavras: vocês vão pagar a conta da guerra comercial do Trump através dos seus impostos. O capital privado socializa os prejuízos enquanto privatiza os lucros. Que novidade!

O FMI e Suas Projeções Mágicas

E para completar o show, o FMI resolveu ser otimista. Elevou as projeções de crescimento global para 3% em 2025 e 3,1% em 2026. A justificativa? “Tarifas efetivas menores que o inicialmente antecipado”.

Traduzindo: “Achávamos que o Trump ia destruir mais a economia mundial, mas ele está destruindo menos do que esperávamos. Isso é uma boa notícia!”

É como comemorar que o câncer está crescendo mais devagar. Tecnicamente é uma melhoria, mas continuamos com câncer.

O Que Vocês Podem Aprender com Tudo Isso

Se você não tem onde cair morto: Mantenham ou tentem criar suas reservas de emergência. Quando banqueiros centrais e presidentes estão brigando publicamente, é sinal de que a situação está mais instável do que parece.

Se você está na pindaíba: Aproveitem a deflação do IGP-M. Caso seu contrato de aluguel indexado a este índice, ótimo. Se não, busquem renegociar se possível.


A verdade é simples, meus caros: Vocês estão assistindo ao maior espetáculo da Terra, onde banqueiros centrais fazem malabarismo com suas vidas financeiras enquanto políticos jogam tomate na plateia. O terremoto na Rússia foi apenas uma metáfora literal do que já estava acontecendo nos mercados.

Mantenham-se firmes e lembrem-se: no capitalismo financeiro, vocês não são o público do circo, vocês são os palhaços.

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